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É possível perdoar traição?

Enxergue o aprendizado da situação e liberte-se da dor ou culpa

Atualizado em

Estamos permanentemente vivendo oportunidades de aprendizados e crescimentos a partir de nossas escolhas. Quando não as realizamos de forma consciente e em sintonia com nossa verdade interna, isso se reflete externamente, em nosso corpo físico, em nossos relacionamentos e em todas as situações em que vivemos.

Quando tomamos repetidamente escolhas de forma inconsciente, estes reflexos se manifestam a princípio de forma mais sutil e limitada. Apresentam-se como pequenos mal estares físicos e acidentes, ou em pequenas brigas e desentendimentos em nosso dia-a-dia.

Quando não aprendemos a enxergar e compreender as lições que essas situações nos mostram enquanto ainda sinalizam de modo menos intenso, podem se amplificar em doenças graves, grandes perdas ou acidentes, e até mesmo traições afetivas.

Culminação extrema de um longo processo anterior, as traições em relacionamentos nunca acontecem à toa. Sempre apontam uma situação subjacente, essa sim o foco de nossa atenção ao se lidar com a traição.

A responsabilidade nunca é exclusivamente do “traidor”. Ele pode ter sido o agente ativo, mas o “traído” é também agente, ainda que passivamente.

Ao vivenciar uma traição é importante que, apesar de toda a dor, se encare conscientemente a situação. Acesse o processo subjacente buscando sua própria responsabilidade nele.

A principal pergunta não é “Porque ele(a) fez isso?” ou “O que eu fiz de errado?”, mas “O que essa traição mostra sobre mim? Que questões minhas estão envolvidas na situação?”.

Evite a armadilha de culpar o outro ou a si mesmo, pois isso também significa negação e fuga, apenas agravando a situação.

Autoperdão

Perdoar uma traição significa antes de tudo, perdoar a si mesmo: aceitar sua verdade e assumir seu aprendizado na situação. Só assim será capaz de enxergar a verdade do outro e assim, perdoá-lo.

Se isso significa que vai haver reconciliação ou não, não importa. Sem o autoperdão, a lição que a traição veio mostrar continua não aprendida.

A raiz da traição continua não resolvida dentro de você, e futuramente ela se mostrará novamente em outra situação desagradável, ou até mesmo em outra traição, seja com o mesmo parceiro ou com outro.

Uma vez detectada sua questão, assuma sua responsabilidade, enxergue e aceite a situação como ela realmente é. Saia do papel de vítima e de culpa, e comprometa-se com você mesmo em enxergar e aprender efetivamente a lição implícita na situação.

Você pode procurar ajuda terapêutica e orientação profissional. Não importa qual o caminho escolhido, mas ao realizar esse compromisso, concretize-o em ações e nas transformações necessárias.

Entrar em contato com a raiz da traição dentro de si pode ser extremamente doloroso. Se até o momento houve negligência em relação a essas questões, bem provavelmente elas não devem ser fáceis de se encarar.

No entanto, por mais dolorido que seja o processo, mergulhe e liberte-se. Encare suas lições ao invés de mascarar a dor. Vá ao âmago da questão principal e resolva não só essa traição, mas todas as situações que antes dela vieram. Liberte-se para vivenciar um futuro com novas experiências mais agradáveis.

Reflexões que auxiliam a esclarecer sua responsabilidade e suas escolhas

Como eu me coloco no relacionamento? Minha postura é agressiva? Ou muito passiva? Tenho muito medo de perder meu(inha) parceiro(a)? Faço de tudo para não abrir mão do relacionamento?

Há questões mal resolvidas com meu parceiro? Que comportamentos e atitudes minhas contribuíram para que se tornassem mal resolvidas? Quais questões do relacionamento tenho evitado lidar? Quero e estou disposto a tentar resolvê-las?

Meu parceiro está pronto para um compromisso de fidelidade? Estou disposto e tenho estrutura emocional para (re)construir esse compromisso?

Construo ilusões e expectativas com base nos meus sonhos e espero que meu parceiro atenda a elas?

Ceci Akamatsu

Ceci Akamatsu

Terapeuta Acquântica, faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro, em São Paulo e à distância. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare. 

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